terça-feira, 27 de março de 2018

Mordidas no CEI

Em alguns momentos nos deparamos com situações que deixam os pais preocupados, uma reclamação dos pais é a ocorrência das mordidas em seus filhos, eles pedem esclarecimentos em relação às atitudes que o CEI costuma tomar diante de tais situações.
No início do ano letivo, costumam ocorrer vários casos motivados por disputa de brinquedos e questões afetivas.
Ainda que desprovida de má intenção, a mordida é uma agressão, provoca dor e deixa marca. Por isso, precisa ser combatida. O primeiro passo é identificar as situações em que acontece. 
Existem vários motivos para que uma criança, na primeira infância, morda e, as mordidas, nessa etapa da vida, são esperadas e absolutamente normais, mas o fato de as mordidas fazerem parte de uma fase do desenvolvimento infantil não significa que elas devem ser ignoradas ou aceitas pelos pais e pelo CEI.
Para a família da criança mordida não é agradável, mas é importante que fique claro que isso incomoda e aborrece a todos: educadoras, auxiliares, direção, pais das crianças que mordem e da criança mordida.
O objetivo do CEI é mediar as relações entre as crianças para minimizar os sentimentos negativos e criar situações para estabelecer limites, mostrando a importância do respeito e do tratar bem o amigo que ficou triste por ter sido machucado.

Por que as crianças mordem?
Um dos motivos é o processo de desenvolvimento da criança, visto que, desde o aparecimento da dentição, até por volta dos 2 anos, eles mordem brinquedos, sapatos e até os pais, professores e amigos para descobrir sensações e movimentos, para conhecer o mundo e descobrir o próprio corpo, pois as crianças ainda não têm domínio da fala, portanto, as manifestações corporais são usadas para demonstrar descontentamento, alegria, descobertas, entre outros sentimentos.
Desde o nascimento, até por volta dos 3 anos, as necessidades, percepções e modos de expressão da criança estão concentradas na região da boca, lábios, língua e outros órgãos relacionados com a zona oral, e, porque ainda não falam com desenvoltura, utilizam outros meios para se comunicar e conseguirem o que querem, mas devemos lembrar que as crianças não nascem sabendo dar mordidas, elas aprendem na relação com outras crianças, com os adultos. 
Alguns adultos gostam de brincar, dizendo “vou morder você, vou apertar sua bochechinha”, mas a criança não sabe fingir a mordida e nem controlar a força ao morder e pode acabar, sem querer, machucando seu coleguinha e várias são as situações que podem levar a criança a morder, por exemplo: a professora ou a mãe está grávida, uma mudança de sala ou uma situação desconhecida, a chegada de um novo colega na turma, tentativas de chamar atenção dos adultos, disputa por um brinquedo, espaço reduzido para brincar e se movimentar e até necessidade de sono que não foi respeitada. 
O que a criança deseja ao morder um amiguinho não é agredi-lo, mas sim obter de forma rápida algum objeto ou chamar atenção. 
Algumas crianças, por exemplo, se irritam com um som alto; outras, às vezes, reagem individualmente ao toque, que pode trazer à tona sentimentos de ciúme, dependendo de quem as toque.

O que fazer quando a criança morde?
Quando a criança morde outra criança, é importante a mediação de um adulto para fazer com que ela perceba o que fez e para que aprenda que há maneiras diferentes de conseguir o que deseja, neste contexto, o adulto deve buscar descobrir qual o motivo do comportamento e mostrar outras formas de expressão, por exemplo: se é o brinquedo que ela quer, mostrar a ela que pode pedir o brinquedo ao coleguinha (de acordo com a idade e a compreensão que tem). 
Portanto, orientamos as professoras e auxiliares a confortar a criança ferida e mostrar ao colega que mordeu o que ele fez, pois é importante que ele perceba a consequência da ação, mesmo sem ter tido intenção de machucar. E que, em vez de recriminar os pequenos, que a professora deixe que brinquem normalmente com a turma, mas passe a sentar próxima e ficar de olho para evitar novos episódios. A professora ou a auxiliar deve ainda se antecipar e oferecer algum brinquedo ou sugerir uma atividade, como pegar cada um pelas mãos para que, juntos, partilharem um livro, uma dança, uma bola etc, pois aí, quem antes ia morder para obter o brinquedo percebe a presença do adulto observando e intervindo. 
Se é bebê que começa a caminhar (1 a 2 anos), simplesmente o afaste do outro bebê que ele esteja tentando morder.
Crianças maiores, de 2 a 3 anos, que já falam e entendem mais, explique que não pode morder porque machuca as pessoas.
É importante cuidar do comportamento da criança brincando com outras e orientar a forma de brincar entre elas.
É com paciência e persistência que as crianças entendem que não se deve morder. Pode se dizer a ela (sem gritar…) que não se deve fazer isso e pedir sua ajuda para cuidar do coleguinha machucado, como por exemplo, colocando gelo ou fazendo massagens e/ou curativos. Isto deve ser feito, tanto no CEI, como em casa pelos pais.
De maneira nenhuma se deve morder a criança para mostrar-lhe como se sente quando ela morde.
Ao ensinar a criança a compartilhar, ela percebe que ser amigo é também compartilhar.
Ensine a criança a esperar, fale com ela, não dê tudo a ela no mesmo momento que pede, lembrando que a percepção do tempo é diferente para cada idade. 
Tanto no CEI ou os pais podem aproveitar essas situações para estimular na criança as regras de convivência. Mas a criança não deve ser rotulada como “mordedora” e o seu nome não deve ser exposto para os pais da criança que foi mordida, ou pessoas de fora.

O que fazer quando a criança é mordida?
A criança mordida precisa ser acolhida e incentivada a expressar seu descontentamento, entretanto nunca deve ser incentivada a revidar.
O CEI acompanhará de perto e com atenção e, se possível, descobrirá as causas da mordida, para entender o que houve e estar pronto para acolher a família.
A família deve conversar, sempre que necessário, com as educadoras e com a direção do CEI para compreender essa situação e se tranquilizar.
É possível, por exemplo, que tenha sido a disputa por um brinquedo que causou o “confronto” e a mordida.
É necessário compreender também, que tanto a criança pode ser mordida, como pode morder e que nem sempre será possível evitar isso. É preciso muita calma para lidar com a situação, CEI e família podem, juntos, encontrar alternativas para evitar novas ocorrências. 
Ouvir, acolher e esclarecer, levando as explicações de especialistas para os pais e familiares nas reuniões ou nas conversas mais informais, é um dos objetivos do CEI.
É importante saber também que há crianças que passarão pela fase das mordidas, sem nunca terem mordido algum colega ou mesmo serem mordidos.
Ao longo do ano, com essas intervenções diárias, os pais perceberão que haverá, não só uma drástica redução dos incidentes, como haverá também uma maior compreensão sobre o problema.


Responsável pela publicação: Joanice Lara da Rosa


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